Psicoterapia Psicanalítica de Grupo no Cuidado de Pacientes com Transtornos Alimentares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20435/pssa.v15i1.2458

Palavras-chave:

distúrbios do ato de comer, psicoterapia de grupo, grupos de apoio, escuta psicanalítica, Psicanálise das Configurações Vinculares

Resumo

Introdução: A psicoterapia psicanalítica de grupo pode contribuir para promoção do cuidado e reabilitação de pessoas com transtornos alimentares (TAs). Este estudo tem como objetivo compreender o potencial terapêutico do grupo oferecido para pessoas com TAs no contexto de um serviço especializado. Método: Estudo qualitativo exploratório, realizado com 12 pacientes de um serviço ambulatorial e desenvolvido por meio da análise dos relatos obtidos durante as sessões do grupo terapêutico. Cinco encontros consecutivos foram audiogravados e transcritos na íntegra. Os dados foram submetidos à análise temática indutiva e interpretados com base no referencial teórico da Psicanálise das Configurações Vinculares. Resultados e Discussão: Foram elaborados três temas: (1) Sentindo-se compreendida; (2) Enfrentando preconceitos e estigmatização; (3) Transformando dor em potência. Os resultados permitiram identificar possíveis elementos catalisadores de mudança no grupo, incluindo a promoção de uma atmosfera acolhedora, atenciosa e livre de julgamentos, cultivando o cuidado mútuo e reforçando o senso de pertencimento. Conclusões: O setting grupal pode funcionar como mediador de mudança terapêutica ao promover um ambiente permissivo, inclusivo e confiável, que fortalece os vínculos e favorece a implicação subjetiva dos pacientes em seu processo de tratamento.

Biografia do Autor

Manoel Antônio dos Santos, Universidade de São Paulo (USP)

Livre-docente, doutor e mestre em Psicologia Clínica e psicólogo pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Professor titular na USP, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), Departamento de Psicologia. Bolsista de Produtividade em Pesquisa - Categoria 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Rosane Pilot Pessa, Universidade de São Paulo (USP)

Livre-docente, doutora em Saúde Mental, mestre e nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada na USP, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP), Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem.

Kelly Graziani Giacchero Vedana, Universidade de São Paulo (USP)

Livre-docente, doutora em Ciências, mestre e enfermeira pela Universidade de São Paulo (USP). Professora associada na USP, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP), Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem.

Sandra Cristina Pillon, Universidade de São Paulo (USP)

Livre-docente, doutora e mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), enfermeira pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Professora titular na Universidade de São Paulo (USP), Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP), Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem.

Daniela Barsotti Santos, Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

Doutora em Enfermagem e mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), psicóloga pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL-UNESP). Professora adjunta na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Instituto de Ciências Humanas e da Informação (ICHI-FURG).

Thássia Souza Emídio , Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Doutora em Psicologia e Sociedade, mestre e psicóloga pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora assistente doutora na UNESP, Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL-UNESP), Departamento de Psicologia Clínica.

Mary Yoko Okamoto, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), mestre e psicóloga pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Professora assistente doutora na UNESP, Faculdade de Ciências e Letras de Assis (FCL-UNESP), Departamento de Psicologia Clínica.

Marina Garcia Manochio-Pina, Universidade de Franca (UNIFRAN)

Doutora em Ciências e mestre em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), nutricionista pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Professora na Universidade de Franca (UNIFRAN), Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde.

Érika Arantes de Oliveira-Cardoso, Universidade de São Paulo (USP)

Doutora em Psicologia, mestre e psicóloga pela Universidade de São Paulo (USP). Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da USP, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).

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Publicado

2024-03-05

Como Citar

Santos, M. A. dos, Pessa, R. P., Vedana, K. G. G. ., Pillon, S. C., Santos, D. B. ., Emídio , T. S. ., Okamoto, M. Y., Manochio-Pina, M. G., & Oliveira-Cardoso, Érika A. de. (2024). Psicoterapia Psicanalítica de Grupo no Cuidado de Pacientes com Transtornos Alimentares. Revista Psicologia E Saúde, 15(1), e15252458. https://doi.org/10.20435/pssa.v15i1.2458

Edição

Seção

Relatos de pesquisa